Ainda não há data para a realização do Conselho Nacional da Renamo, que pelos estatutos do partido deve ocorrer duas vezes por ano. A única certeza é que Ossufo Momade manter-se-á na presidência da “perdiz” até 2029, ano em que se realiza o VIII Congresso ordinário do ex-maior partido da oposição no país.
A informação foi avançada esta quinta-feira pela Secretária-Geral da Renamo, Clementina Bomba, em conferência de imprensa, na qual reagia às novas ameaças dos ex-guerrilheiros da Renamo, de encerrar, novamente, as sedes distritais, provinciais e até nacional daquela formação política.
Segundo Clementina Bomba, a Renamo ainda está a preparar-se para o evento, que requer logística para a sua organização. A sua realização será anunciada em breve, não havendo, até ao momento, data para tal. A única garantia é que o órgão irá se reunir ainda este ano.
“Como sabem, o Conselho Nacional, para a sua realização, passa necessariamente pela preparação logística e nós, neste momento, estamos a trabalhar no sentido de preparar esta logística para realização do evento”, afirmou Bomba, garantindo que, dentro de dias, os jornalistas serão comunicados a data da realização da reunião, uma vez que “a Comissão Política Nacional irá reunir-se para se debruçar sobre a marcação do Conselho Nacional”.
No entanto, se ainda não há informações sobre a data da realização do Conselho Nacional, a única certeza é de que Ossufo Momade deverá manter-se na liderança do partido até a realização do Congresso. “Tem de ficar claro que o Conselho Nacional não tem competência para demitir o presidente e o mandato do presidente é de cinco anos. Termina com a tomada de posse do novo presidente. O congresso é que terá competência de decidir sobre a manutenção ou não do Presidente Ossufo Momade, que foi democraticamente eleito, no Congresso que se realizou em Alto-Molócuè, no ano passado”, defendeu Bomba, indicada ao cargo de Secretária-Geral por Ossufo Momade, em Dezembro de 2022.
Lembre-se que a reunião do Conselho Nacional tem sido uma exigência antiga dos membros daquela formação, desde que a Renamo perdeu as eleições gerais de 2024, tendo passado do segundo para o terceiro lugar, no xadrez político nacional, em troca com o PODEMOS, que se estreou no Parlamento como a segunda maior força política do país. Inicialmente, a reunião estava prevista para decorrer entre os dias 07 e 08 de Março, mas foi adiada por “razões ponderosas”.
Desde então, a indefinição da data para a realização da reunião tem causado tumultos, com os antigos guerrilheiros a liderarem a contestação. Entre Fevereiro e Maio últimos, dezenas de delegações distritais, provinciais da Renamo foram encerradas, incluindo a sede nacional e o Gabinete de trabalho de Ossufo Momade. Em todos assaltos, os guerrilheiros exigiam a demissão de Ossufo Momade.
Na conferência de imprensa desta quinta-feira, a Secretária-Geral da Renamo mostrou-se preocupada com as declarações de João Machava (porta-voz dos antigos guerrilheiros) que, na segunda-feira, anunciou uma nova fase do encerramento das delegações da Renamo, como pressão para a realização do Conselho Nacional da “perdiz”.
“Realizamos, a bem pouco tempo, a sessão [conferência nacional] da ACOLDE [Associação dos Combates da Luta pela Democracia], visando encontrar caminhos para ultrapassar o problema dos desmobilizados. Nessa reunião tomaram-se decisões profundas e uma delas foi da reabertura das delegações a todos os níveis”, sublinhou.
“Quero encorajar os delegados, a todos níveis, os quadros, membros e simpatizantes da Renamo e o povo moçambicano, que estamos a trabalhar. Nós estamos dentro do período para a realização do Conselho Nacional”, reiterou.
Segundo Clementina Bomba, a direcção do partido está tranquila, embora reconheça que o ambiente interno não está bom. “Nós estamos tranquilos e queremos encorajar a todos os membros, que estamos a trabalhar e encorajar os membros que estão nas delegações para manterem as delegações em pleno funcionamento porque temos desafios pela frente. (…) Se me perguntarem se a Renamo está saudável, vou dizer claramente que não, mas estamos a trabalhar todos juntos para promover a união entre nós”, assegurou.
Refira-se que o Conselho Nacional, o órgão mais importante da Renamo, no intervalo entre os Congressos, é composto por 120 membros, indicados pelo Presidente do partido, alguns com relações umbilicais com Ossufo Momade, como são os casos de Glória Ubisse (esposa), Osvaldo Ossufo Momade (filho) e Zena Momade (irmã de Ossufo Momade). (Carta)
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