Desde 2017, o setor da educação em Cabo Delgado tem enfrentado sérios desafios, com destaque para a destruição de infraestruturas escolares, provocada por fenómenos naturais e por acções extremistas. Estima-se que mais de 2.329 salas de aulas tenham sido afectadas, o que comprometeu de forma significativa o processo de ensino e aprendizagem em toda a província.
A informação foi avançada recentemente pelo Director Provincial da Educação, Ivaldo Quincardete, após um encontro com parceiros de cooperação do sector. Na ocasião, o dirigente destacou o papel essencial desses parceiros na resposta à crise, sublinhando que, graças ao apoio recebido, foi possível reerguer cerca de 314 salas de aulas em várias regiões da província.
“Em 2019, tivemos o ciclone, o Kennety, que infelizmente destruiu 510 salas de aulas. Desde então, também temos registado ações terroristas que já destruíram cerca de 400 salas. Mais recentemente, no dia 15 de dezembro, o ciclone Chido provocou a destruição de 1.419 salas em oito distritos da região sul da província,” - detalhou Quincardete.
O director acrescentou que, mesmo antes desses eventos, a província já apresentava carência de infraestruturas educativas, e que a situação se agravou com esse nível de destruição.
Para responder a alguns dos desafios, está em curso a implementação do ensino bilingue, uma iniciativa nacional que visa facilitar a aprendizagem dos alunos com dificuldades na compreensão da língua portuguesa.
“Há estudos que mostram que o ensino bilingue melhora a qualidade do ensino e reduz o abandono escolar. Muitos alunos, ao não compreenderem o que é dito em sala de aula, perdem a motivação para frequentar a escola,” -explicou.
Apesar dos avanços, Quincardete reconheceu a existência de obstáculos, sobretudo no que diz respeito à capacitação de professores e à produção adequada de materiais didáticos adaptados ao modelo bilingue.(MRTV)

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